quarta-feira, 1 de julho de 2009

As tágides

As Tágides são as ninfas (figuras da mitologia grega que habitam no rio que desagua em Lisboa)a quem Camões pede inspiração para compor; o canto I é composto por teorias que anunciam o que irá abordar durante a sua obra a sua obra, Os Lusíadas. As tágides são compostas por três partes: A preposição (1ª, 2ª e 3ª estrofes) abordando as conquistas dos navegadores e as histórias dos portugueses; A Invocação (4ª e 5ª estrofes)argumenta sobre as ninfas que serviram de inspiração para o poeta; finalmente A Dedicatória (estrofes 6 a 18) para o rei Dom Sebastião onde era depositado a fé para a continuação das conquistas portuguesas e propagação da religião católica.

CANTO I

"1- Assunto do Poema
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
"

Camões fala do inicio das navegações patrocinadas pelos barões para começar o crescimento esplendoroso de Portugal que guerreava na África antes da escravidão.


"2- E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valorosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
"

Fala da historia lusitana das conquistas das colônias africanas e algumas na Ásia mostrando o grande poder dos portugues que valorizavam os seus grandes Reis. Grandes guerreiros morrem nas batalhas.


"3 - Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Invocação às Ninfas do Tejo
"

Como os grandes conquistadores da antiguidade os lusitanos também repetiram a proeza com ajuda dos deuses netuno e Marte; e antes das viagens às ninfas do Tejo(rio que corta Portugal) se levantam para grandioso ato português.

"4 - E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene.
"

Camões faz uma declaração as tágides que são as ninfas do rio Tejo mostrando o grande valor delas a Portugal. Camões gostava de utilizar seres mitológicos para fazer suas epopeias.


"5 - Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.
"

Camões pede em nome do povo português( tipo um eu - lírico) proteção das ninfas do Tejo e pede força para superar os perigos que vem pelo mar(indução da igreja em falar que no mar é onde acabava o mundo e seres monstruosos existiam ali) e com grande satisfação as ninfas eles espalharão o grande feito com referência as ninfas.


"6 - Dedicatória ao Rei Dom Sebastião
E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antígua liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande;
"

O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, que era ainda muito jovem e por isso era visto como a esperança da pátria portuguesa na continuação do desenvolvimento da fé e das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo. Exalta o rei como criatura vinda de Deus para o bem de Portugal.


"7 - Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas, e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou)
"

Compara Dom Sebastião a um ramo florescente, ou seja, um novo caminho para Portugal que irá trazer benefícios. Julga vir de Cristo e ser único pelo Ocidente. E cita as grandes vitórias de Portugal conquistadas por armas, sendo as de Deus conquistadas pela crucificação.


"8 - Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando desce o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco oriental, e do Gentio,
Que inda bebe o licor do santo rio;


Eles esperaram vergonhosos o embaraçado cavaleiro Ismaelita, os turcos e os que seguem o paganismo (religião pagã), são esses os que ainda usam o rio de tanta utilidade.


"9 - Inclinai por um pouco a majestade,
Que nesse tenro gesto vos contemplo,
Que já se mostra qual na inteira idade,
Quando subindo ireis ao eterno templo;
Os olhos da real benignidade
Ponde no chão: vereis um novo exemplo
De amor dos pátrios feitos valerosos,
Em versos divulgado numerosos.
"

Demonstra um gesto delicado ao Rei Dom Sebastião, indo de encontro ao santuário. Com olhos bondosos se coloca a chão, para exaltar um exemplo de amor dos afazeres benéficos e numerosos do rei.


"10 - Amor da Pátria
Vereis amor da pátria, não movido
De prêmio vil, mas alto e quase eterno:
Que não é prêmio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor superno,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de til gente.
"

O amor da pátria não é ocasionado por qualquer prêmio desprezível. É um amor eterno. Exagera o nome daquele que é excelente e julga qual será se é o Rei ou uma “gente mínima”.


"11 - Os Grandes Feitos dos Portugueses
Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,
Fantásticas, fingidas, mentirosas,
Louvar os vossos, como nas estranhas
Musas, de engrandecer-se desejosas:
As verdadeiras vossas são tamanhas,
Que excedem as sonhadas, fabulosas;
Que excedem Rodamonte, e o vão Rugeiro,
E Orlando, inda que fora verdadeiro,
"

Nesta estrofe, cita-se as grandes conquistas do povo Português e declara que elas não passam de façanhas,
afirma que elas são reais.


"12 - Os Heróis Portugueses
Por estes vos darei um Nuno fero,
Que fez ao Rei o ao Reino tal serviço,
Um Egas, e um D. Fuas, que de Homero
A cítara para eles só cobiço.
Pois pelos doze Pares dar-vos quero
Os doze de Inglaterra, e o seu Magriço;
Dou-vos também aquele ilustre Gama,
Que para si de Eneias toma a fama.
"


"13 - Pois se a troco de Carlos, Rei de França,
Ou de César, quereis igual memória,
Vede o primeiro Afonso, cuja lança
Escura faz qualquer estranha glória;
E aquele que a seu Reino a segurança
Deixou com a grande e próspera vitória;
Outro Joane, invicto cavaleiro,
O quarto e quinto Afonsos, e o terceiro.
"

Nessas estrofes Camões cita os grandes heróis portugueses, entre eles está Vasco da Gama, bastante conhecido pelos seus feitos.


"14 - Nem deixarão meus versos esquecidos
Aqueles que nos Reinos lá da Aurora
Fizeram, só por armas tão subidos,
Vossa bandeira sempre vencedora:
Um Pacheco fortíssimo, e os temidos
Almeidas, por quem sempre o Tejo chora;
Albuquerque terríbil, Castro forte,
E outros em quem poder não teve a morte.
"

Aqui Camões pede que seus versos não sejam esquecidos, além de clamar pelos que morreram por Portugal em sua juventude: “Aqueles que nos Reinos lá da Aurora / Fizeram, só por armas tão subidos, / Vossa bandeira sempre vencedora”. Para destacar, Camões recorre ao rio Tejo como personificação da tristeza de Portugal pela perda de seus heróis.


"15 - Incitação a Dom Sebastião
para Novos Feitos Gloriosos
E enquanto eu estes canto, e a vós não posso,
Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,
Tomai as rédeas vós do Reino vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido canto.
Comecem a sentir o peso grosso
(Que pelo mundo todo faça espanto)
De exércitos e feitos singulares,
De África as terras, e do Oriente os marços,
"

Nesta estrofe Camões chama o, falecido, Rei Dom Sebastião a voltar ao trono para que governe com firmeza, principalmente quando se trata de expansões coloniais, através do poderio militar português. É demonstrado os interesses sobre “as terras” citadas, da África as terras e do oriente as mercadorias.


"16 - Em vós os olhos tem o Mouro frio,
Em quem vê seu exício afigurado;
Só com vos ver o bárbaro Gentio
Mostra o pescoço ao jugo já inclinado;
Tethys todo o cerúleo senhorio
Tem para vós por dote aparelhado;
Que afeiçoada ao gesto belo e tenro,
Deseja de comprar-vos para genro.
"

Camões estimula Dom Sebastião a retornar para que combata os Mouros ( indivíduo árabe ou berbere habitante do Norte da África), a quem Camões denomina de bárbaros gentios (pagãos selvagens).


"17 - Em vós se vêm da olímpica morada
Dos dois avós as almas cá famosas,
Uma na paz angélica dourada,
Outra pelas batalhas sanguinosas;
Em vós esperam ver-se renovada
Sua memória e obras valerosas;
E lá vos tem lugar, no fim da idade,
No templo da suprema Eternidade
."

Nesta estrofe Camões tenta “mostrar” as glórias que Dom Sebastião teria se retornasse. Como mostra: “Em vós se vêm da olímpica morada”, onde Camões se refere ao Monte Olimpo, lar mitológico dos deuses, (Como característica do gênero épico Camões faz referências a cultura e crenças da antiguidade clássica), tal local seria a morada de Dom Sebastião. Essas glórias viriam após as vitoriosas batalhas.


"18 - Mas enquanto este tempo passa lento
De regerdes os povos, que o desejam,
Dai vós favor ao novo atrevimento,
Para que estes meus versos vossos sejam;
E vereis ir cortando o salso argento
Os vossos Argonautas, por que vejam
Que são vistos de vós no mar irado,
E costumai-vos já a ser invocado.
"

Por fim Camões pede ao Rei que leia seus versos, mesmo que pelos argonautas (navegantes ousados) que cruzam o mar com muitas tempestades em nome do Rei. Camões deixa claro que possivelmente invocou o Rei outras vezes, o que pode ser comprovado através do verso: “E costumai-vos já a ser invocado.”.

Interpretação feita pela equipe: Amanda Cardoso, Amanda Roberta, Ana Karla, Paola e Vítor.

Canto terceiro

Objetivo: Comentar os episódios do Canto III, esclarecer sobre a personagem Inês de Castro e acrescentar trechos da obra que sustentem a interpretação feita.

D. Pedro, herdeiro do Rei D. Afonso IV, apaixonou-se por Inês de Castro.
Este romance começou a ser comentado e mal aceito na corte e pelo próprio povo.
Sob o pretexto da moralidade, o rei não aprovava esta relação. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. Assim, em o rei mandou exilar Inês no castelo de Albuquerque, na fronteira castelhana. No entanto, a distância não teria apagado o amor entre Pedro e Inês.
Havia boatos de que o príncipe tinha se casado secretamente com Inês. Logo, o rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar D. Inês de Castro. A morte de Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Pedro tornou-se o oitavo rei de Portugal. Em Junho de 1360 fez a declaração de Cantanhede, legitimando os filhos ao afirmar que se tinha casado secretamente com Inês em 1354. Daí o dito: “aquela que depois de morta foi Rainha”!

“Passada esta tão próspera vitória,
Tornado Afonso à Lusitana Terra,
A se lograr da paz com tanta glória
Quanta soube ganhar na dura guerra,
O caso triste e dino da memória,
Que do sepulcro os homens desenterra,
Aconteceu da mísera e mesquinha
Que despois de ser morta foi Rainha.”

O rei Afonso voltou a Portugal depois da vitória contra os mouros, esperando obter tanta glória na paz quanto obtivera na guerra. Então aconteceu o triste e memorável caso da desventurada que foi rainha depois de ser morta, assassinada.

“Tu, só tu, puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.”

O Amor, somente ele, foi quem causou a morte de Inês, como se ela fosse uma inimiga. Dizem que o Amor feroz, cruel, não se satisfaz com as lágrimas, com a tristeza, mas exige, como um deus severo e despótico, banhar seus altares em sangue humano.

“Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes insinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.”

Inês estava sossegada, usufruindo a felicidade ilusória da juventude. Nos campos, com os belos olhos úmidos de lágrimas de amor, repetia o nome do seu amado aos montes e às ervas.

“Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus fermosos se apartavam;
De noite, em doces sonhos que mentiam,
De dia, em pensamentos que voavam;
E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Eram tudo memórias de alegria.”

As lembranças do Príncipe respondiam-lhe, em pensamentos e em sonhos, quando ele estava longe. Ambos não se esqueciam um do outro e se “comunicavam” através da memória, em forma de pensamentos e sonhos. Assim, tudo quanto faziam ou viam os fazia felizes, porque lembravam dos respectivos amados.

“Tirar Inês ao mundo determina,
Por lhe tirar o filho que tem preso,
Crendo c’o sangue só da morte ladina
Matar do firme amor o fogo aceso.
Que furor consentiu que a espada fina,
Que pôde sustentar o grande peso
Do furor Mauro, fosse alevantada
Contra hûa fraca dama delicada?”

O Príncipe se recusa a casar com outras mulheres porque o amor despreza, rejeita tudo que não seja o rosto da amada a quem está sujeito. Então, o pai atende ao murmurar do povo decide matar Inês, para que o filho seja libertado do seu amor. O pai acredita que só o sangue da morte apagará o fogo do amor.

”Traziam-na os horríficos algozes
Ante o Rei, já movidos a piedade;
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, à morte crua o persuade.
Ela, com tristes e piedosas vozes,
Saídas só da mágoa e saudade
Do seu Príncipe e filhos, que deixava,
Que mais que a própria morte a magoava.”

Referências Bibliográficas

http://resumos.netsaber.com.br/ver_resumo_c_1509.html
lusiadas.gertrudes.com/poesia3.html
pt.wikipedia.org/wiki/Os_Lusíadas
http://www.mundovestibular.com.br/articles/547/1/OS-LUSIADAS---Luis-de-Camoes-Resumo/Paacutegina1.html

Sugestões de Leitura:

http://www.casadobruxo.com.br/poesia/l/camoes32.htm

Equipe: Ane Caroline, Exupério Lédo, Laís Liziane,
Mailson Luan e Maikon Amorim.

Canto IV

Canto IV

Prossegue a narrativa de Vasco da Gama, falando de João I, o primeiro do nome e da dinastia de Avis, confirmado no trono após a batalha de Aljubarrota, cujo principal herói é Nuno Álvares.

"Qual vai dizendo: —" Ó filho, a quem eu tinha
Só para refrigério, e doce amparo
Desta cansada já velhice minha,
Que em choro acabará, penoso e amaro,
Por que me deixas, mísera e mesquinha?
Por que de mim te vás, ó filho caro,
A fazer o funéreo enterramento,
Onde sejas de peixes mantimento!”—

Uma mãe lamenta ao filho, que ele iria cuidar dela na velhice, mas está indo para servir de alimento aos peixes.


"Qual em cabelo: —” Ó doce e amado esposo,
Sem quem não quis Amor que viver possa,
Por que is aventurar ao mar iroso
Essa vida que é minha, e não é vossa?
Como por um caminho duvidoso
Vos esquece a afeição tão doce nossa?
Nosso amor, nosso vão contentamento
Quereis que com as velas leve o vento?”—

Uma mulher com cabelo pergunta ao marido, porque ele vai se aventurar no mar bravio, enquanto ela o ama; e como ele pode esquecer ou trocar o sentimento deles pelo mar. Será que ele deseja que o vento leve, com as velas da embarcação, o seu amor?

"Nestas e outras palavras que diziam
De amor e de piedosa humanidade,
Os velhos e os meninos os seguiam,
Em quem menos esforço põe a idade.
Os montes de mais perto respondiam,
Quase movidos de alta piedade;
A branca areia as lágrimas banhavam,
Que em multidão com elas se igualavam.

Com estas e outras palavras de amor e de piedade, os velhos e as crianças, os seguiam. E os montes, como se estivessem comovidos, respondiam a estes lamentos com ecos. As lágrimas molhavam a areia, e eram tantas que, em quantidade, se igualavam à areia.


"Nós outros sem a vista alevantarmos
Nem a mãe, nem a esposa, neste estado,
Por nos não magoarmos, ou mudarmos
Do propósito firme começado,
Determinei de assim nos embarcarmos
Sem o despedimento costumado,
Que, posto que é de amor usança boa,
A quem se aparta, ou fica, mais magoa.

Com medo de sofrer ou se arrepender, os navegantes, não olhavam para as mães e esposas. Vasco da Gama decidiu que embarcariam sem a despedida de costume, porque, ainda que seja bom ver o amor das pessoas, faz sofrer mais a quem parte e a quem fica.


"Mas um velho d'aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C'um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:

O velho de aspecto respeitável que se encontrava na praia vendo os navegadores e balançando a cabeça negativamente, dizendo em tom alto suficiente algumas palavras para os navegadores ouvirem.


—"Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C'uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
Esse prazer dos homens de dominar e cobiçar a fama, esse satisfação falsa, enganadora, é estimulada pelas pessoas, que a chamam de honra. Essas estrofes remetem ao livro bíblico de Eclesiastes, em que o rei Salomão afirma e argumenta que “é tudo vaidade” (Eclesiastes 1:2) e que “Melhor é ouvir a repreensão do sábio, do que ouvir alguém a canção do tolo.” (Eclesiastes 7:5)


— "Dura inquietação d'alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios:
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo dina de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana!

Uma ambição que causa angustia, e pertubação, destrói fortunas e Estados. Fama e glória são palavras para enganar o povo ignorante e tolo.


—"A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos, e de minas
D'ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? que histórias?
Que triunfos, que palmas, que vitórias?

Novas promessas serão feitas aos reinos, como minas de ouro, famas, histórias e triunfos para poder engana-los.

— "Mas ó tu, geração daquele insano,
Cujo pecado e desobediência,
Não somente do reino soberano
Te pôs neste desterro e triste ausência,
Mas inda doutro estado mais que humano
Da quieta e da simples inocência,
Idade d'ouro, tanto te privou,
Que na de ferro e d'armas te deitou:

Mas o gênero humano, descendente do insensato e demente cujo pecado provocou não somente sua expulsão e exílio do paraíso, mas também privou-o do estado de paz e de inocência da idade de ouro e o colocou, o na idade do ferro e das guerras.

— "Já que nesta gostosa vaidade
Tanto enlevas a leve fantasia,
Já que à bruta crueza e feridade
Puseste nome esforço e valentia,
Já que prezas em tanta quantidade
O desprezo da vida, que devia
De ser sempre estimada, pois que já
Temeu tanto perdê-la quem a dá:
.
O homem é tolo, pois da o nome de esforço e valentia à violenta crueldade e perversidade. Ele despreza a vida, a qual, deveria ser sempre amada e preservada.

— "Não tens junto contigo o Ismaelita,
Com quem sempre terás guerras sobejas?
Não segue ele do Arábio a lei maldita,
Se tu pela de Cristo só pelejas?
Não tem cidades mil, terra infinita,
Se terras e riqueza mais desejas?
Não é ele por armas esforçado,
Se queres por vitórias ser louvado?


Os ismaelitas não seguem a lei maldita dos árabes, a lei do corão.

— "Deixas criar às portas o inimigo,
Por ires buscar outro de tão longe,
Por quem se despovoe o Reino antigo,
Se enfraqueça e se vá deitando a longe?
Buscas o incerto e incógnito perigo
Por que a fama te exalte e te lisonge,
Chamando-te senhor, com larga cópia,
Da Índia, Pérsia, Arábia e de Etiópia?

Descuida do inimigo próximo para buscar outro distante, por quem o reino iria se despovoar, se enfraquecer e se perder. Procura o perigo impreciso e desconhecido, para que a fama o celebre e elogie chamando-o, em grande quantidade (“larga cópia”), de senhor da Índia, Pérsia, Arábia e Etiópia.

— "Ó maldito o primeiro que no mundo
Nas ondas velas pôs em seco lenho,
Dino da eterna pena do profundo,
Se é justa a justa lei, que sigo e tenho!
Nunca juízo algum alto e profundo,
Nem cítara sonora, ou vivo engenho,
Te dê por isso fama nem memória,
Mas contigo se acabe o nome e glória.

O Velho amaldiçoa o homem que fez o primeiro como merecedor do inferno ,se houver justiça como a que ele acredita. Que nunca sejam feitos um alto conceito, nem música ou poesia que eternize sua memória por este feito, mas que, com o inventor do primeiro barco, morram sua fama, sua reputação e sua glória.

— "Trouxe o filho de Jápeto do Céu
O fogo que ajuntou ao peito humano,
Fogo que o mundo em armas acendeu
Em mortes, em desonras (grande engano).
Quanto melhor nos fora, Prometeu,
E quanto para o mundo menos dano,
Que a tua estátua ilustre não tivera
Fogo de altos desejos, que a movera!



O fogo que o filho de Jápeto trouxe do céu e deu aos homens ascendeu em armas, mortes e desonras.

— "Não cometera o moço miserando
O carro alto do pai, nem o ar vazio
O grande Arquiteto co'o filho, dando
Um, nome ao mar, e o outro, fama ao rio.
Nenhum cometimento alto e nefando,
Por fogo, ferro, água, calma e frio,
Deixa intentado a humana geração.
Mísera sorte, estranha condição!" —

Se não fosse esse fogo do desejo, o jovem miserável e digno de pena não teria ousado guiar o carro do pai, nem o grande arquiteto e seu filho teriam se arriscado a voar (“cometera o ar vazio”). Um deu nome ao mar e o outro deu fama ao rio. Camões se refere a Faeton ou Faetonte, filho de Apolo, o deus Sol, que foi imprudente e caiu com o carro do pai no rio Eridano e Dédalo, arquiteto do labirinto, que, com cera e penas, construiu asas para si e para seu filho Ícaro que, descuidado, voou rumo ao sol e acabou caindo no mar.
Nenhum empreendimento nobre ou perverso, por qualquer modo realizado (“Por fogo, ferro, água, calma e frio”), o gênero humano (“humana geração”) não tenta realizar (“deixa intentado”). É um destino miserável e uma estranha obrigação (ou um estado, um modo de ser esquisito).


EQUIPE VERDE : DANIELA, JEANNE, RAPHAEL,

Canto V - O gigante Adamastor


O canto V, episódio do gigante Adamastor

Se analisado do ponto de vista histórico veremos que significa a superação do medo que os portugueses tinham do “Mar Tenebroso”.Adamastor, o gigante, nada mais é do que uma alucinação criada na mente do povo luso (que acreditava que no mar moravam monstros terríveis), e quando eles conseguem derrotar o gigante, eles se glorificam não pelo gigante, mas pelos medos que foram vencidos. Já se olharmos do ponto de vista lírico é um dos pontos altos do poema já que retoma os dois temas constantes da lírica: o amor impossível e o amante rejeitado. Também é muito importante porque é nele que se concentram as grandes linhas da epopéia:
1. O real maravilhoso, representado pela dificuldade que os portugueses tinham de passar pelo Cabo das Tormentas
2. A existência de profecias, representada pela história de Portugal
3. Lirismo, que é representado pela história de amor, que continuará no canto da Ilha dos amores.
4. É além de tudo um episódio trágico, que envolve amor e morte.
5. O episódio possui caráter épico porque nele os portugueses vencem os quatro elementos fundamentais (ar, fogo, terra, água).


Introdução (37-38)
Já na primeira estrofe do poema pode-se observar a chegada de algo não esperado. Este algo seria uma nuvem que escurece os ares acima da cabeça dos navegantes, dando fim à prosperidade da viagem.

“Porém já cinco sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca doutrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando uma noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Uma nuvem, que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.”


A nuvem recém-surgida vinha carregada demais para ser confundida com uma simples tempestade marinha, e o primeiro a perceber isso é Vasco da Gama, que pergunta à tempestade o que ela era.

“Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo, o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão nalgum rochedo.
"Ó Potestade (disse) sublimada:
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?” ”


Estrofes 39-48
A 39º estrofe é apenas uma descrição do que aparece logo em seguida no mar para Vasco da Gama. O gigante Adamastor. Suas feições não eram nada bonitas, seus cabelos eram cheios de terra, seus dentes eram amarelos e sua postura esbanjava maldade.

“Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.”


Na 40º estrofe a descrição sobre o gigante continua, porém a ênfase desta vez vai para a sua medonha voz que provoca tremores extremamente profundos nos navegantes, que já haviam se espantado com o tamanho da criatura.

“Tão grande era de membros, que bem posso
Certificar-te que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo.
Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!”


Na estrofe 41 o gigante conversa com os portugueses e diz que eles são ousados e que sua primeira meta é a glória particular, sendo a maior prova disso que eles haviam chegado nos confins do mundo. Outro fato destacado nessa estrofe é que as águas que o gigante há tanto tempo guardava nunca haviam sido navegadas por outros.

“E disse: "Ó gente ousada, mais que quantas
No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas
E navegar nos longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados d’estranho ou próprio lenho:”


Na estrofe 42, o “grande” ordena que os portugueses ouçam quais serão as conseqüências que eles sofrerão por terem atravessado o mar, feito que até então não havia sido feito por ninguém.


“Pois vens ver os segredos escondidos
Da natureza e do úmido elemento,
A nenhum grande humano concedidos
De nobre ou de imortal merecimento,
Ouve os danos de mi que apercebidos
Estão a teu sobejo atrevimento,
Por todo largo mar e pola terra
Que inda hás de sojugar com dura guerra.”


Na estrofe 43 o gigante prossegue com as conseqüências que os portugueses sofrerão. Ele diz que todos os que tentarem fazer a viagem que Vasco da Gama está fazendo, terão o Cabo das Tormentas como inimigo. A primeira armada a qual ele se refere no texto é a de Pedro Álvares Cabral, cujo dano (naufrágio) foi maior que o perigo, já que os navegantes foram surpreendidos.


“Sabe que quantas naus esta viagem
Que tu fazes, fizerem, de atrevidas,
Inimiga terão esta paragem,
Com ventos e tormentas desmedidas!
E da primeira armada, que passagem
Fizer por estas ondas insufridas,
Eu farei d’improviso tal castigo,
Que seja mor o dano que o perigo!”


Na estrofe 44, ainda com ameaças, porém, estas, mais assustadoras, Adamastor diz que se vingará ali mesmo do seu descobridor, Bartolomeu Dias, e que outras embarcações portuguesas serão destruídas por ele. Ele ainda promete que o menor mal a se temer será a morte.

“Aqui espero tomar, se não me engano,
De quem me descobriu suma vingança.
E não se acabará só nisto o dano
De vossa pertinace confiança:
Antes, em vossas naus verei, cada ano,
Se é verdade o que meu juízo alcança,
Naufrágios, perdições de toda sorte,
Que o menor mal de todos seja a morte!”


Na estrofe 45, cita-se D. Francisco de Almeida (primeiro vice-rei da Índia) e sua vitória sobre os turcos. O gigante ainda continua a esbanjar perigo.


“E do primeiro ilustre, que a ventura
Com fama alta fizer tocar os céus,
Serei eterna e nova sepultura,
Por juízos incógnitos de Deus.
Aqui porá a turca armada dura
Os soberbos e prósperos troféus;
Comigo de seus danos o ameaça
A destruída Quíloa com Mombaça.”


Nesta estrofe (46) o gigante cita a desgraça da família de Manuel de Sousa Sepúlveda, cujo destino será tenebroso: depois de um naufrágio, sofrerão muito.


“Outro também virá, de honrada fama,
Liberal, cavaleiro, enamorado,
E consigo trará a fermosa dama
Que Amor por grão mercê lhe terá dado.
Triste ventura e negro fado os chama
Neste terreno meu, que, duro e irado,
Os deixará dum cru naufrágio vivos,
Pera verem trabalhos excessivos.”


Na estrofe 47 ele continua a contar a história de Manuel, dizendo que seus amados filhos morrerão de fome e que sua esposa após andar nas areias do deserto, será violentada por africanos.


“Verão morrer com fome os filhos caros,
Em tanto amor gerados e nascidos;
Verão os Cafres, ásperos e avaros,
Tirar à linda dama seus vestidos;
Os cristalinos membros e preclaros
À calma, ao frio, ao ar verão despidos,
Despois de ter pisada longamente
Cos delicados pés a areia ardente;”


Ainda com a história da família de Manuel, lê-se na estrofe 48 que os sobreviventes do naufrágio verão Manuel e sua esposa ficarem num mato quente e inóspito, e mais tarde, eles morrerão juntos.


“E verão mais os olhos que escaparem
De tanto mal, de tanta desventura,
Os dous amantes míseros ficarem
Na férvida e implacábil espessura.
Ali, despois que as pedras abrandarem
Com lágrimas de dor, de mágoa pura,
Abraçados, as almas soltarão
Da fermosa e misérrima prisão.”


Estrofe 49 (Transição)
O gigante continuaria fazendo as previsões na estrofe 49 se Vasco da Gama não o interrompesse perguntando quem era aquela figura maravilhosa. O monstro responderá com voz pesada porque relembraria seu triste passado.

“Mais ia por diante o monstro horrendo
Dizendo nossos fados, quando, alçado,
Lhe disse eu: - Que és tu? Que esse estupendo
Corpo certo me tem maravilhado!
A boca e os olhos negros retorcendo
E dando um espantoso e grande brado,
Me respondeu, com voz pesada e amara,
Como quem da pergunta lhe pesara:”


Estrofes 50-59
Na estrofe 50, o gigante se apresenta: ele é o Cabo Tormentoso, nunca conhecido pelos geógrafos da Antigüidade, última porção de terra do continente africano, que se alonga para o Pólo Sul, extremamente ofendido com a ousadia dos portugueses.


“Eu sou aquele oculto e grande Cabo
A quem chamais vós outros Tormentório,
Que nunca a Ptolomeu, Pompônio, Estrabo,
Plínio e quantos passaram fui notório.
Aqui toda a africana costa acabo
Neste meu nunca visto promontório,
Que pera o Pólo Antártico se estende,
A quem vossa ousadia tanto ofende.”


Na estrofe 51, o gigante conta aos navegantes que ele era um dos Titãs (gigantes que lutavam contra Júpiter e que sobrepunham montes para alcançar o Olimpo), porém, ele, ao contrário dos outros, buscava a armada de Neptuno nos mares.


“Fui dos filhos aspérrimos da Terra,
Qual Encélado, Egeu e Centimano;
Chamei-me Adamastor e fui na guerra
Contra o que vibra os raios de Vulcano;
Não que pusesse serra sobre serra,
Mas conquistando as ondas do Oceano,
Fui capitão do mar, por onde andava
A armada de Neptuno, que eu buscava.”


Na estrofe 52, Adamastor fala sobre um sentimento mais profundo: o amor. Conta que um dia viu Tétis nua na praia e se apaixonou por ela, que passou a ser o seu “objeto” de desejo. Por Tétis, ele desprezou todas as outras deusas. Foi por ela também, que ele cometeu a loucura de lutar contra Neptuno.


“Amores da alta esposa de Peleu
Me fizeram tomar tamanha empresa;
Todas as Deusas desprezei do Céu,
Só por amar das águas a princesa;
Um dia a vi, coas filhas de Nereu,
Sair nua na praia e logo presa
A vontade senti de tal maneira,
Que inda não sinto cousa que mais queira.”


Na estrofe 53, o gigante demonstra certa “fragilidade”. Além do sentimento de amor, ele agora revela que não gosta de si do jeito que é. Por se achar feio, ele pensa que jamais poderia conquistar Tétis , dona de tamanha beleza, pela aparência e resolve então conquistá-la por meio da guerra. Ele manifesta sua intenção à Dóris (mãe de Tétis) que ouve da filha a seguinte resposta: “como poderia o amor de uma ninfa, aguentar o amor de um gigante?”


“Como fosse impossíbel alcançá-la
Pola grandeza feia de meu gesto,
Determinei por armas de tomá-la
E a Dóris meu caso manifesto.
De medo a Deusa então por mi lhe fala.
Mas ela, cum fermoso riso honesto,
Respondeu: - Qual será o amor bastante
De ninfa, que sustente o dum Gigante?”


Na estrofe 54, ainda se conta a história de Tétis. Ela, querendo livrar o oceano da guerra, tenta solucionar o problema com dignidade. O gigante, que a esta hora já estava cego de amor, não consegue enxergar que as promessas que Dóris e sua filha lhe faziam eram falsas.


“Contudo, por livrarmos o Oceano
De tanta guerra, eu buscarei maneira
Com que, com minha honra, escuse o dano.
Tal resposta me torna a mensageira.
Eu, que cair não pude neste engano
(Que é grande dos amantes a cegueira),
Encheram-me, com grandes abondanças,
O peito de desejos e esperanças.”


Na estrofe 55, o gigante conta o episódio de que numa noite, louco de amor e desistindo da guerra, aparece-lhe o lindo rosto de Tétis, única e nua. Como louco, o gigante correu abrindo os braços para aquela que era a vida de seu corpo e começou a beijá-la.


“Já néscio, já da guerra desistindo,
Uma noite, de Dóris prometida,
Me aparece de longe o gesto lindo
Da branca Tétis, única, despida.
Como doudo corri de longe, abrindo
Os braços pera aquela que era a vida
Deste corpo e começo os olhos belos
A lhe beijar, as faces e os cabelos.”


Na estrofe 56, o gigante expressa a profunda mágoa que sentiu, quando acordou e percebeu que a bela Tétis de seu sonho, era na verdade uma rocha, à qual ele se encontrava agarrado. Sentiu-se como uma rocha, diante de outra.


“Oh! Que não sei de nojo como o conte!
Que, crendo ter nos braços quem amava,
Abraçado me achei cum duro monte
De áspero mato e de espessura brava.
Estando cum penedo fronte a fronte,
Que eu polo rosto angélico apertava,
Não fiquei homem, não; mas mudo e quedo
E junto dum penedo outro penedo!”


Já na estrofe 57, Adamastor invoca Tétis, perguntando porque, se ela não amava, não o manteve com a ilusão de abraçá-la. Dali ele partiu quase louco pela mágoa e pela desonra procurando outro lugar em que não houvesse quem risse de sua tristeza.


“Ó Ninfa, a mais fermosa do Oceano,
Já que minha presença não te agrada,
Que te custava ter-me neste engano,
Ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada?
Daqui me parto, irado e quase insano
Da mágoa e da desonra ali passada,
A buscar outro mundo, onde não visse
Quem de meu pranto e de meu mal se risse.”


Na estrofe 58 Adamastor conta que os Titãs já haviam sido vencidos e soterrados, para garantir a segurança dos deuses (aqueles contra quem não é possível lutar), e então anuncia o seu triste destino.

“Eram já neste tempo meus Irmãos
Vencidos e em miséria extrema postos,
E, por mais segurar-se Deuses vãos,
Alguns a vários montes sotopostos.
E, como contra o Céu não valem mãos,
Eu, que chorando andava meus desgostos,
Comecei a sentir do fado imigo,
Por meus atrevimentos, o castigo:”


A estrofe 59 conta a dor que o gigante passou e continua a passar. Conta-se que a sua carne se transformou em terra, e os ossos em pedra,e que sua figura se alongou pelo mar até ele se transformar num cabo, criado pelos deuses. Para que seu sofrimento se torne ainda maior, Tétis, seu amor, costuma banhar-se em águas próximas.

“Converte-se-me a carne em terra dura;
Em penedos os ossos se fizeram;
Estes membros que vês e esta figura
Por estas longas águas se estenderam;
Enfim, minha grandíssima estatura
Neste remoto Cabo converteram
Os Deuses; e, por mais dobradas mágoas,
Me anda Tétis cercando destas águas.”



Estrofe 60 (Epílogo)

Na estrofe 60 (última do canto) o gigante desaparece chorando e o mar soa longínquo. Vasco da Gama ergue os braços ao céu e pede aos anjos que os casos futuros contados por Adamastor não se realizem.

“Assi contava; e, cum medonho choro,
Súbito d’ante os olhos se apartou.
Desfez-se a nuvem negra e cum sonoro
Bramido muito longe o mar soou.
Eu, levantando as mãos ao santo coro
Dos Anjos, que tão longe nos guiou,
A Deus pedi que removesse os duros
Casos que Adamastor contou futuros.”


Equipe: Isis Gomes
César Leite
Yasmin Duca
Ana Raquel Pinchemel
Ana Paula Silva Públio

Bibliografia da equipe:http://www.marportugues.hpg.ig.com.br/lusiadas4.htm

http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/10adamastor.htm

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/o/os_lusiadas_o_gigante_adamastor

Os Lusitanos

5. A equipe Branca, ficou responsável pelos comentários dos Cantos VI e VII da obra de Luís de Camões em que é citada a parte dos Lusitanos que era um conjunto de povos indo-europeias que tinha pretenções de trasnformar Lisboa na nova Roma.

OS LUSITANOS
Canto VI

Com jogos, danças e outras alegrias,

A segundo a polícia Melindana,

Com usadas e ledas pescarias,

Com que a Lageia António alegra e engana,

Este famoso Rei, todos os dias

Festeja a companhia Lusitana,

Com banquetes, manjares desusados,

Com frutas, aves, carnes e pescados.

Chegando em um lugar para repouso, são recebidos com alegria: jogos, danças, banquetes ordenados por Lageia Antônio o Rei ao tempo em que alegra e engana a companhia lusitana.


Descobre o fundo nunca descoberto

As areias ali de prata fina;

Torres altas se vêem, no campo aberto,

Da transparente massa cristalina;

Quanto se chegam mais os olhos perto

Tanto menos a vista determina

Se é cristal o que vê, se diamante,

Que assi se mostra claro e radiante.

Avistam terra firme, território de areia fina, com altas torres e com vegetação escassa. Aproximando um pouco mais enxergam cristais e diamantes que pareciam chamá-los por tamanha beleza e radiante.


Ali, sublime, o Fogo estava em cima,

Que em nenhüa matéria se sustinha;

Daqui as cousas vivas sempre anima,

Despois que Prometeu furtado o tinha.

Exaltam a beleza e a formosura daquele lugar citando característica daquele lugar, como um vulcão, inativo, mas que transbordava em grandeza e porte de poder. Além disso ressaltam ser um lugar com vegetação que davam uma graça ainda maior, mostrando também que naquele lugar tudo era alegre nada deixava-os cabisbaixos.


Outras palavras tais lhe respondia

O Capitão, e logo, as velas dando,

Pera as terras da Aurora se partia,

Que tanto tempo há já que vai buscando.

No piloto que leva não havia

Falsidade, mas antes vai mostrando

A navegação certa; e assi caminha

Já mais seguro do que dantes vinha.

O capitão logo parte buscando chegar as terras da Aurora que tanto tempo há já vai buscando, agora mais seguro do que antes.


Via estar todo o Céu determinado

De fazer de Lisboa nova Roma;

Não no pode estorvar, que destinado

Está doutro Poder que tudo doma.

Do Olimpo dece enfim, desesperado;

Novo remédio em terra busca e toma:

Entra no hú mido reino e vai-se à corte

Daquele a quem o mar caiu em sorte.

Esperançosos acreditavam que Lisboa seria a nova Roma, forte militarmente, organização governamental, social bem estruturadas, não esbanjando do poder destinado.


(...)


Canto VII

JÁ se viam chegados junto à terra

Que desejada já de tantos fora,

Que entre as correntes Indicas se encerra

E o Ganges, que no Céu terreno mora.

Ora sus, gente forte, que na guerra

Quereis levar a palma vencedora:

Já sois chegados, já tendes diante

A terra de riquezas abundante!

Finalmente conseguiram chegar a terra que era tão desejada por eles e por muitos outros povos. Tropa navegante forte que estava levando tudo na força e na vontade, na vontade chegar àquela terra de riquezas abundante.


Aquelas invenções, feras e novas,

De instrumentos mortais da artelharia

Já devem de fazer as duras provas

Nos muros de Bizâncio e de Turquia.

Fazei que torne lá às silvestres covas

Dos Cáspios montes e da Cítia fria

A Turca geração, que multiplica

Na polícia da vossa Europa rica.

Naquele período histórico, muitas descobertas estavam surgindo, destacando-se na área das navegações com o surgimento de novas armas, táticas de guerras e outras coisas. Em função disso, era preciso destruir o forte exército da Roma Oriental e a Turquia que na época tinha territórios extensos de grande valor e de muito interesse por vário povos conquistadores.


Os Portugueses vendo estas memórias,

Dizia o Catual ao Capitão:

- Tempo cedo virá que outras vitórias

Estas que agora olhais abaterão;

Aqui se escreverão novas histórias

Por gentes estrangeiras que virão;

Que os nossos sábios magos o alcançaram

Relembrando histórias dos deuses, o capitão toma como base para inspiração e mostrar ao povo português que outras vitórias virão, que não haviam motivo para se abaterem. Era época de começar um novo período em que seriam uma das maiores potências daquela época.


Nem quem acha que é justo e que é direito

Guardar-se a lei do Rei severamente,

E não acha que é justo e bom respeito

Que se pague o suor da servil gente;

Nem quem sempre, com pouco experto peito,

Razões aprende, e cuida que é prudente,

Pera taxar, com mão rapace e escassa.

Ressaltam (povo lusitano) com toda honra e razão, a honestidade e fidelidade que um trabalhador ou servil, como chamavam naquela época, deveria ter para com seu Rei ganhando sua dignidade com o próprio suor, mostrando-nos uma visão muito válida para nossa realidade.


Os trabalhos alheios que não passa.

Aqueles sós direi que aventuraram

Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida,

Onde, perdendo-a, em fama a dilataram,

Tão bem de suas obras merecida.

Apolo e as Musas, que me acompanharam,

Me dobrarão a fúria concedida,

Enquanto eu tomo alento, descansado,

Por tornar ao trabalho, mais folgado.

Nessa estrofe final é dito dois versos em que eram característica marcante dos contos de Camões. São eles versos 5 e 6 em que dizem que aqueles trabalhadores aventuraram-se por Deus e por Rei perdendo a amada vida com boas obras era guardado um lugar para eles no paraíso com os Deuses, no caso Apolo e as Musas.


Equipe Branca: Victória, Uiliam, Nathárcia, Madalena e Gabriel.