sábado, 27 de junho de 2009

7.Os Barões Assinalados

"Os Barões Assinalados eram nobres escolhidos para terem maiores poderes em relação aos outros"

Nossa equipe ficou responsável por comentar o Epílogo,ou seja,a parte final da epopéia de Camões: Os Lusíadas.

É no Epílogo que se encontram as lamentações e críticas de Camões, seus conselhos ao Rei D. Sebastião e as profecias sobre as futuras glórias portuguesas. São as doze últimas estrofes do poema. Contrastando com o tom vibrante e otimista do início, o tom agora é de pessimismo, desencanto e de crítica à decadência do país e aos portugueses de seu tempo, que não se lembram mais dos valores de sua nação. É uma clara premonição da decadência de Portugal, submetido em 1580 ao domínio espanhol, e da retratação do Império do Oriente. Há ainda o sentido de desabafo de Camões, que se queixa da incompreensão e das privações pelas quais parece ter passado em seus últimos anos de vida.

A seguir, a citação e a interpretação das doze estrofes do Epílogo de Os Lusíadas:

145 - Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Düa austera, apagada e vil tristeza.

O poeta está cansado de contar a história do povo lusitano, pois a sua pátria não se importam mais com os valores nacionais.

146 - E não sei por que influxo de Destino
Não tem um ledo orgulho e geral gosto,
Que os ânimos levanta de contino
A ter pera trabalhos ledo o rosto.
Por isso vós, ó Rei, que por divino
Conselho estais no régio sólio posto,
Olhai que sois (e vede as outras gentes)
Senhor só de vassalos excelentes.

Camões se dirige ao Rei D. Sebastião, dando-lhe conselhos sobre a forma como ele rege a pátria, não mais igual ao início do canto.

147 - Olhai que ledos vão, por várias vias,
Quais rompentes liões e bravos touros,
Dando os corpos a fomes e vigias,
A ferro, a fogo, a setas e pelouros,
A quentes regiões, a plagas frias,
A golpes de Idolátras e de Mouros,
A perigos incógnitos do mundo,
A naufrágios, a pexes, ao profundo.

O poeta fala sobre o antigo heroísmo português. Antes enfrentavam todos as aventuras e perigos existentes, encaravam o desconhecido.

148 - Por vos servir, a tudo aparelhados;
De vós tão longe, sempre obedientes;
A quaisquer vossos ásperos mandados,
Sem dar reposta, prontos e contentes.
Só com saber que são de vós olhados,
Demónios infernais, negros e ardentes,
Cometerão convosco, e não duvido
Que vencedor vos façam, não vencido.

Camões fala sobre a servidão incondicional à pátria, que agora não mais existe.

149 - Favorecei-os logo, e alegrai-os
Com a presença e leda humanidade;
De rigorosas leis desalivai-os,
Que assi se abre o caminho à santidade.
Os mais exprimentados levantai-os,
Se, com a experiência, têm bondade
Pera vosso conselho, pois que sabem
O como, o quando, e onde as cousas cabem.

O poeta fala sobre a benignidade e a justiça do povo lusitano, que estão sendo perdidas.

150 - Todos favorecei em seus ofícios,
Segundo têm das vidas o talento;
Tenham Religiosos exercícios
De rogarem, por vosso regimento,
Com jejuns, disciplina, pelos vícios
Comuns; toda ambição terão por vento,
Que o bom Religioso verdadeiro
Glória vã não pretende nem dinheiro.

Camões se dirige aos religiosos, citando as qualidades de quem pratica os "Religiosos exercícios".

151 - Os Cavaleiros tende em muita estima,
Pois com seu sangue intrépido e fervente
Estendem não sòmente a Lei de cima,
Mas inda vosso Império preminente.
Pois aqueles que a tão remoto clima
Vos vão servir, com passo diligente,
Dous inimigos vencem: uns, os vivos,
E (o que é mais) os trabalhos excessivos.

O poeta agora se refere aos cavaleiros, sobre suas virtudes e conquistas.

152 - Fazei, Senhor, que nunca os admirados
Alemães, Galos, Ítalos e Ingleses,
Possam dizer que são pera mandados,
Mais que pera mandar, os Portugueses.
Tomai conselho só d’exprimentados
Que viram largos anos, largos meses,
Que, posto que em cientes muito cabe.
Mais em particular o experto sabe.

Camões agora fala sobre a experiência, dizendo que dela vem o conhecimento e que só se deve tomar conselhos dos experimentadores.

153 - De Formião, filósofo elegante,
Vereis como Anibal escarnecia,
Quando das artes bélicas, diante
Dele, com larga voz tratava e lia.
A disciplina militar prestante
Não se aprende, Senhor, na fantasia,
Sonhando, imaginando ou estudando,
Senão vendo, tratando e pelejando.

O poeta cita Formião (filósofo), que ensinava a Aníbal sobre as artes bélicas e a disciplina militar.

154 - Mas eu que falo, humilde, baxo e rudo,
De vós não conhecido nem sonhado?
Da boca dos pequenos sei, contudo,
Que o louvor sai às vezes acabado.
Tem me falta na vida honesto estudo,
Com longa experiência misturado,
Nem engenho, que aqui vereis presente,
Cousas que juntas se acham raramente.

Camões fala com humildade que lhe falta um pouco de estudo em sua vida, mas que porém se mistura com muita experiência. Fala também que coisas como essas raramente estão juntas.

155 - Pera servir-vos, braço às armas feito,
Pera cantar-vos, mente às Musas dada;
Só me falece ser a vós aceito,
De quem virtude deve ser prezada.
Se me isto o Céu concede, e o vosso peito
Dina empresa tomar de ser cantada,
Como a presaga mente vaticina
Olhando a vossa inclinação divina,


156 - Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.

Nas duas estrofes, o poeta acha que existe uma inclinação do poder divino.



Equipe Preta: Catarina, Dandara, Marcelo, Thaline e Thamara.