quarta-feira, 1 de julho de 2009

As tágides

As Tágides são as ninfas (figuras da mitologia grega que habitam no rio que desagua em Lisboa)a quem Camões pede inspiração para compor; o canto I é composto por teorias que anunciam o que irá abordar durante a sua obra a sua obra, Os Lusíadas. As tágides são compostas por três partes: A preposição (1ª, 2ª e 3ª estrofes) abordando as conquistas dos navegadores e as histórias dos portugueses; A Invocação (4ª e 5ª estrofes)argumenta sobre as ninfas que serviram de inspiração para o poeta; finalmente A Dedicatória (estrofes 6 a 18) para o rei Dom Sebastião onde era depositado a fé para a continuação das conquistas portuguesas e propagação da religião católica.

CANTO I

"1- Assunto do Poema
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
"

Camões fala do inicio das navegações patrocinadas pelos barões para começar o crescimento esplendoroso de Portugal que guerreava na África antes da escravidão.


"2- E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valorosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
"

Fala da historia lusitana das conquistas das colônias africanas e algumas na Ásia mostrando o grande poder dos portugues que valorizavam os seus grandes Reis. Grandes guerreiros morrem nas batalhas.


"3 - Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Invocação às Ninfas do Tejo
"

Como os grandes conquistadores da antiguidade os lusitanos também repetiram a proeza com ajuda dos deuses netuno e Marte; e antes das viagens às ninfas do Tejo(rio que corta Portugal) se levantam para grandioso ato português.

"4 - E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene.
"

Camões faz uma declaração as tágides que são as ninfas do rio Tejo mostrando o grande valor delas a Portugal. Camões gostava de utilizar seres mitológicos para fazer suas epopeias.


"5 - Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.
"

Camões pede em nome do povo português( tipo um eu - lírico) proteção das ninfas do Tejo e pede força para superar os perigos que vem pelo mar(indução da igreja em falar que no mar é onde acabava o mundo e seres monstruosos existiam ali) e com grande satisfação as ninfas eles espalharão o grande feito com referência as ninfas.


"6 - Dedicatória ao Rei Dom Sebastião
E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antígua liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande;
"

O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, que era ainda muito jovem e por isso era visto como a esperança da pátria portuguesa na continuação do desenvolvimento da fé e das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo. Exalta o rei como criatura vinda de Deus para o bem de Portugal.


"7 - Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas, e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou)
"

Compara Dom Sebastião a um ramo florescente, ou seja, um novo caminho para Portugal que irá trazer benefícios. Julga vir de Cristo e ser único pelo Ocidente. E cita as grandes vitórias de Portugal conquistadas por armas, sendo as de Deus conquistadas pela crucificação.


"8 - Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando desce o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco oriental, e do Gentio,
Que inda bebe o licor do santo rio;


Eles esperaram vergonhosos o embaraçado cavaleiro Ismaelita, os turcos e os que seguem o paganismo (religião pagã), são esses os que ainda usam o rio de tanta utilidade.


"9 - Inclinai por um pouco a majestade,
Que nesse tenro gesto vos contemplo,
Que já se mostra qual na inteira idade,
Quando subindo ireis ao eterno templo;
Os olhos da real benignidade
Ponde no chão: vereis um novo exemplo
De amor dos pátrios feitos valerosos,
Em versos divulgado numerosos.
"

Demonstra um gesto delicado ao Rei Dom Sebastião, indo de encontro ao santuário. Com olhos bondosos se coloca a chão, para exaltar um exemplo de amor dos afazeres benéficos e numerosos do rei.


"10 - Amor da Pátria
Vereis amor da pátria, não movido
De prêmio vil, mas alto e quase eterno:
Que não é prêmio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor superno,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de til gente.
"

O amor da pátria não é ocasionado por qualquer prêmio desprezível. É um amor eterno. Exagera o nome daquele que é excelente e julga qual será se é o Rei ou uma “gente mínima”.


"11 - Os Grandes Feitos dos Portugueses
Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,
Fantásticas, fingidas, mentirosas,
Louvar os vossos, como nas estranhas
Musas, de engrandecer-se desejosas:
As verdadeiras vossas são tamanhas,
Que excedem as sonhadas, fabulosas;
Que excedem Rodamonte, e o vão Rugeiro,
E Orlando, inda que fora verdadeiro,
"

Nesta estrofe, cita-se as grandes conquistas do povo Português e declara que elas não passam de façanhas,
afirma que elas são reais.


"12 - Os Heróis Portugueses
Por estes vos darei um Nuno fero,
Que fez ao Rei o ao Reino tal serviço,
Um Egas, e um D. Fuas, que de Homero
A cítara para eles só cobiço.
Pois pelos doze Pares dar-vos quero
Os doze de Inglaterra, e o seu Magriço;
Dou-vos também aquele ilustre Gama,
Que para si de Eneias toma a fama.
"


"13 - Pois se a troco de Carlos, Rei de França,
Ou de César, quereis igual memória,
Vede o primeiro Afonso, cuja lança
Escura faz qualquer estranha glória;
E aquele que a seu Reino a segurança
Deixou com a grande e próspera vitória;
Outro Joane, invicto cavaleiro,
O quarto e quinto Afonsos, e o terceiro.
"

Nessas estrofes Camões cita os grandes heróis portugueses, entre eles está Vasco da Gama, bastante conhecido pelos seus feitos.


"14 - Nem deixarão meus versos esquecidos
Aqueles que nos Reinos lá da Aurora
Fizeram, só por armas tão subidos,
Vossa bandeira sempre vencedora:
Um Pacheco fortíssimo, e os temidos
Almeidas, por quem sempre o Tejo chora;
Albuquerque terríbil, Castro forte,
E outros em quem poder não teve a morte.
"

Aqui Camões pede que seus versos não sejam esquecidos, além de clamar pelos que morreram por Portugal em sua juventude: “Aqueles que nos Reinos lá da Aurora / Fizeram, só por armas tão subidos, / Vossa bandeira sempre vencedora”. Para destacar, Camões recorre ao rio Tejo como personificação da tristeza de Portugal pela perda de seus heróis.


"15 - Incitação a Dom Sebastião
para Novos Feitos Gloriosos
E enquanto eu estes canto, e a vós não posso,
Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,
Tomai as rédeas vós do Reino vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido canto.
Comecem a sentir o peso grosso
(Que pelo mundo todo faça espanto)
De exércitos e feitos singulares,
De África as terras, e do Oriente os marços,
"

Nesta estrofe Camões chama o, falecido, Rei Dom Sebastião a voltar ao trono para que governe com firmeza, principalmente quando se trata de expansões coloniais, através do poderio militar português. É demonstrado os interesses sobre “as terras” citadas, da África as terras e do oriente as mercadorias.


"16 - Em vós os olhos tem o Mouro frio,
Em quem vê seu exício afigurado;
Só com vos ver o bárbaro Gentio
Mostra o pescoço ao jugo já inclinado;
Tethys todo o cerúleo senhorio
Tem para vós por dote aparelhado;
Que afeiçoada ao gesto belo e tenro,
Deseja de comprar-vos para genro.
"

Camões estimula Dom Sebastião a retornar para que combata os Mouros ( indivíduo árabe ou berbere habitante do Norte da África), a quem Camões denomina de bárbaros gentios (pagãos selvagens).


"17 - Em vós se vêm da olímpica morada
Dos dois avós as almas cá famosas,
Uma na paz angélica dourada,
Outra pelas batalhas sanguinosas;
Em vós esperam ver-se renovada
Sua memória e obras valerosas;
E lá vos tem lugar, no fim da idade,
No templo da suprema Eternidade
."

Nesta estrofe Camões tenta “mostrar” as glórias que Dom Sebastião teria se retornasse. Como mostra: “Em vós se vêm da olímpica morada”, onde Camões se refere ao Monte Olimpo, lar mitológico dos deuses, (Como característica do gênero épico Camões faz referências a cultura e crenças da antiguidade clássica), tal local seria a morada de Dom Sebastião. Essas glórias viriam após as vitoriosas batalhas.


"18 - Mas enquanto este tempo passa lento
De regerdes os povos, que o desejam,
Dai vós favor ao novo atrevimento,
Para que estes meus versos vossos sejam;
E vereis ir cortando o salso argento
Os vossos Argonautas, por que vejam
Que são vistos de vós no mar irado,
E costumai-vos já a ser invocado.
"

Por fim Camões pede ao Rei que leia seus versos, mesmo que pelos argonautas (navegantes ousados) que cruzam o mar com muitas tempestades em nome do Rei. Camões deixa claro que possivelmente invocou o Rei outras vezes, o que pode ser comprovado através do verso: “E costumai-vos já a ser invocado.”.

Interpretação feita pela equipe: Amanda Cardoso, Amanda Roberta, Ana Karla, Paola e Vítor.

2 comentários:

  1. Garoto e garotinhas, a análise do canto ficou muito boa, mas não posso deixar de observar que algumas estrofes abordadas não constam na obra solicitada para leitura(como a 8,10,11,12...)e outras, tão importantes quanto as interpretadas, ficaram de fora. A propósito, as que falam sobre o Concílio dos deuses; A cilada de Baco; a Fala do poeta. Tudo bem, ficou muito interessante a leitura de vcs sobre o livro no site Gertrudes. Abraços a pro!

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  2. Excelente paráfrase dessa obra poética histórica ficcional ... Parabéns, meninos!!! Foi genial a iniciativa.

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