As Tágides são as ninfas (figuras da mitologia grega que habitam no rio que desagua em Lisboa)a quem Camões pede inspiração para compor; o canto I é composto por teorias que anunciam o que irá abordar durante a sua obra a sua obra, Os Lusíadas. As tágides são compostas por três partes: A preposição (1ª, 2ª e 3ª estrofes) abordando as conquistas dos navegadores e as histórias dos portugueses; A Invocação (4ª e 5ª estrofes)argumenta sobre as ninfas que serviram de inspiração para o poeta; finalmente A Dedicatória (estrofes 6 a 18) para o rei Dom Sebastião onde era depositado a fé para a continuação das conquistas portuguesas e propagação da religião católica.
CANTO I
"1- Assunto do Poema
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;"
Camões fala do inicio das navegações patrocinadas pelos barões para começar o crescimento esplendoroso de Portugal que guerreava na África antes da escravidão.
"2- E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valorosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte."
Fala da historia lusitana das conquistas das colônias africanas e algumas na Ásia mostrando o grande poder dos portugues que valorizavam os seus grandes Reis. Grandes guerreiros morrem nas batalhas.
"3 - Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Invocação às Ninfas do Tejo"
Como os grandes conquistadores da antiguidade os lusitanos também repetiram a proeza com ajuda dos deuses netuno e Marte; e antes das viagens às ninfas do Tejo(rio que corta Portugal) se levantam para grandioso ato português.
"4 - E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene."
Camões faz uma declaração as tágides que são as ninfas do rio Tejo mostrando o grande valor delas a Portugal. Camões gostava de utilizar seres mitológicos para fazer suas epopeias.
"5 - Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso."
Camões pede em nome do povo português( tipo um eu - lírico) proteção das ninfas do Tejo e pede força para superar os perigos que vem pelo mar(indução da igreja em falar que no mar é onde acabava o mundo e seres monstruosos existiam ali) e com grande satisfação as ninfas eles espalharão o grande feito com referência as ninfas.
"6 - Dedicatória ao Rei Dom Sebastião
E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antígua liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande;"
O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, que era ainda muito jovem e por isso era visto como a esperança da pátria portuguesa na continuação do desenvolvimento da fé e das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo. Exalta o rei como criatura vinda de Deus para o bem de Portugal.
"7 - Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas, e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou)"
Compara Dom Sebastião a um ramo florescente, ou seja, um novo caminho para Portugal que irá trazer benefícios. Julga vir de Cristo e ser único pelo Ocidente. E cita as grandes vitórias de Portugal conquistadas por armas, sendo as de Deus conquistadas pela crucificação.
"8 - Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando desce o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco oriental, e do Gentio,
Que inda bebe o licor do santo rio;
Eles esperaram vergonhosos o embaraçado cavaleiro Ismaelita, os turcos e os que seguem o paganismo (religião pagã), são esses os que ainda usam o rio de tanta utilidade.
"9 - Inclinai por um pouco a majestade,
Que nesse tenro gesto vos contemplo,
Que já se mostra qual na inteira idade,
Quando subindo ireis ao eterno templo;
Os olhos da real benignidade
Ponde no chão: vereis um novo exemplo
De amor dos pátrios feitos valerosos,
Em versos divulgado numerosos."
Demonstra um gesto delicado ao Rei Dom Sebastião, indo de encontro ao santuário. Com olhos bondosos se coloca a chão, para exaltar um exemplo de amor dos afazeres benéficos e numerosos do rei.
"10 - Amor da Pátria
Vereis amor da pátria, não movido
De prêmio vil, mas alto e quase eterno:
Que não é prêmio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor superno,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de til gente."
O amor da pátria não é ocasionado por qualquer prêmio desprezível. É um amor eterno. Exagera o nome daquele que é excelente e julga qual será se é o Rei ou uma “gente mínima”.
"11 - Os Grandes Feitos dos Portugueses
Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,
Fantásticas, fingidas, mentirosas,
Louvar os vossos, como nas estranhas
Musas, de engrandecer-se desejosas:
As verdadeiras vossas são tamanhas,
Que excedem as sonhadas, fabulosas;
Que excedem Rodamonte, e o vão Rugeiro,
E Orlando, inda que fora verdadeiro,"
Nesta estrofe, cita-se as grandes conquistas do povo Português e declara que elas não passam de façanhas,
afirma que elas são reais.
"12 - Os Heróis Portugueses
Por estes vos darei um Nuno fero,
Que fez ao Rei o ao Reino tal serviço,
Um Egas, e um D. Fuas, que de Homero
A cítara para eles só cobiço.
Pois pelos doze Pares dar-vos quero
Os doze de Inglaterra, e o seu Magriço;
Dou-vos também aquele ilustre Gama,
Que para si de Eneias toma a fama."
"13 - Pois se a troco de Carlos, Rei de França,
Ou de César, quereis igual memória,
Vede o primeiro Afonso, cuja lança
Escura faz qualquer estranha glória;
E aquele que a seu Reino a segurança
Deixou com a grande e próspera vitória;
Outro Joane, invicto cavaleiro,
O quarto e quinto Afonsos, e o terceiro."
Nessas estrofes Camões cita os grandes heróis portugueses, entre eles está Vasco da Gama, bastante conhecido pelos seus feitos.
"14 - Nem deixarão meus versos esquecidos
Aqueles que nos Reinos lá da Aurora
Fizeram, só por armas tão subidos,
Vossa bandeira sempre vencedora:
Um Pacheco fortíssimo, e os temidos
Almeidas, por quem sempre o Tejo chora;
Albuquerque terríbil, Castro forte,
E outros em quem poder não teve a morte."
Aqui Camões pede que seus versos não sejam esquecidos, além de clamar pelos que morreram por Portugal em sua juventude: “Aqueles que nos Reinos lá da Aurora / Fizeram, só por armas tão subidos, / Vossa bandeira sempre vencedora”. Para destacar, Camões recorre ao rio Tejo como personificação da tristeza de Portugal pela perda de seus heróis.
"15 - Incitação a Dom Sebastião
para Novos Feitos Gloriosos
E enquanto eu estes canto, e a vós não posso,
Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,
Tomai as rédeas vós do Reino vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido canto.
Comecem a sentir o peso grosso
(Que pelo mundo todo faça espanto)
De exércitos e feitos singulares,
De África as terras, e do Oriente os marços,"
Nesta estrofe Camões chama o, falecido, Rei Dom Sebastião a voltar ao trono para que governe com firmeza, principalmente quando se trata de expansões coloniais, através do poderio militar português. É demonstrado os interesses sobre “as terras” citadas, da África as terras e do oriente as mercadorias.
"16 - Em vós os olhos tem o Mouro frio,
Em quem vê seu exício afigurado;
Só com vos ver o bárbaro Gentio
Mostra o pescoço ao jugo já inclinado;
Tethys todo o cerúleo senhorio
Tem para vós por dote aparelhado;
Que afeiçoada ao gesto belo e tenro,
Deseja de comprar-vos para genro."
Camões estimula Dom Sebastião a retornar para que combata os Mouros ( indivíduo árabe ou berbere habitante do Norte da África), a quem Camões denomina de bárbaros gentios (pagãos selvagens).
"17 - Em vós se vêm da olímpica morada
Dos dois avós as almas cá famosas,
Uma na paz angélica dourada,
Outra pelas batalhas sanguinosas;
Em vós esperam ver-se renovada
Sua memória e obras valerosas;
E lá vos tem lugar, no fim da idade,
No templo da suprema Eternidade."
Nesta estrofe Camões tenta “mostrar” as glórias que Dom Sebastião teria se retornasse. Como mostra: “Em vós se vêm da olímpica morada”, onde Camões se refere ao Monte Olimpo, lar mitológico dos deuses, (Como característica do gênero épico Camões faz referências a cultura e crenças da antiguidade clássica), tal local seria a morada de Dom Sebastião. Essas glórias viriam após as vitoriosas batalhas.
"18 - Mas enquanto este tempo passa lento
De regerdes os povos, que o desejam,
Dai vós favor ao novo atrevimento,
Para que estes meus versos vossos sejam;
E vereis ir cortando o salso argento
Os vossos Argonautas, por que vejam
Que são vistos de vós no mar irado,
E costumai-vos já a ser invocado."
Por fim Camões pede ao Rei que leia seus versos, mesmo que pelos argonautas (navegantes ousados) que cruzam o mar com muitas tempestades em nome do Rei. Camões deixa claro que possivelmente invocou o Rei outras vezes, o que pode ser comprovado através do verso: “E costumai-vos já a ser invocado.”.
Interpretação feita pela equipe: Amanda Cardoso, Amanda Roberta, Ana Karla, Paola e Vítor.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
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Garoto e garotinhas, a análise do canto ficou muito boa, mas não posso deixar de observar que algumas estrofes abordadas não constam na obra solicitada para leitura(como a 8,10,11,12...)e outras, tão importantes quanto as interpretadas, ficaram de fora. A propósito, as que falam sobre o Concílio dos deuses; A cilada de Baco; a Fala do poeta. Tudo bem, ficou muito interessante a leitura de vcs sobre o livro no site Gertrudes. Abraços a pro!
ResponderExcluirExcelente paráfrase dessa obra poética histórica ficcional ... Parabéns, meninos!!! Foi genial a iniciativa.
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